Pasado Branco
O pano de fundo de Passado Branco é o polvilho azedo que deu identidade e sustentou minha família. Há 40 anos, com a morte do meu avô Adolfo, meus tios Paulo, Alexandre, Dirceu e meu pai Roberto assumiram a fábrica montada por ele se responsabilizando, cada um, por diferentes etapas do processo de produção. A partilha não oficial de bens deu início a uma trajetória de conflitos, desencontros, declínio das relações familiares e distanciamento entre os irmãos.
Guiado menos pela narrativa cronológica e mais pelas interpretações dos sentimentos de angústia, Passado Branco evoca as memórias perdidas a partir do que restou: fotos marcadas pelo tempo, faces cansadas, a dureza incessante das máquinas, a massa pesada que pela ação do sol e do tempo se transforma no polvilho, pó branco vulnerável ao vento. O resultado são fotos - não fatos - que evocam um passado branco/apagado, dialogam com o fosco e abatido presente e apontam para um futuro incerto.